segunda-feira, 25 de julho de 2011

Judo também é cultura

Amigos apresento-lhes o texto bem humorado de João Pedro Veiga, Judoca, Diretor de Arte, Ilustrador e Pintor, - e porque não dizer Escritor!!!! - , embora ele modestamente não cite, faz um belo trabalho no seu BLOG (http://eramosum.blogspot.com/) com textos bem humorados e divertidos

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By JP Veiga



Lendo as notícias sobre o caso de Bullying no tradicionalíssimo colégio São Bento, me lembrei de uma dessas coisas que só acontecem comigo:

Recém-convidado a me retirar de uma escola, fui entrado em outra; mais uma vez escola católica, mais uma vez com padres, bedéis e rigidez total.

Eu gostava mesmo era de ler e por isso achava que sabia mais que os professores; meu mundo perfeito era ler, fazer judô, ler mais um pouco, ir à praia, ler e patinar no gelo, numa Ipanema que teimava em ficar besta e internacional... O judô tentava me ensinar o respeito - meu mestre Rudolf Hermanny, dizia que o segredo da vida era o respeito, pelos outros, pelos mais velhos, pelo conhecimento e pelo seu próprio corpo! Grande sujeito!

Pois foi que num primeiro dia de aula, depois de uma aula chatíssima de ciências, onde eu tinha certeza que sabia muito mais sobre o período triássico do que o professor, fui para o recreio com a boca aguando pelo sanduíche de goiabada e pela minha, ainda meio geladinha, Grapette! Sentei em um degrau de uma escada de cimento, que eu não sabia onde ia dar, e fiquei olhando todos aqueles alunos que eu não conhecia, toda aquela gente se falando e rindo e brincando, enquanto eu, ali, esperava que o tempo me apresentasse todos, que pareciam ser boas pessoas!

Aí...

Passou um carinha e patolou meu sanduíche e a minha Grapette - o cara foi tão rápido que levou tudo e correu rindo!

Sem pensar, corri atrás do ladrão e dando uma banda por trás, derrubei o danado; caí sobre ele e entrei em uma posição de estrangulamento (katagatame), em que se prende o pescoço e um dos braços do adversário, sufocando-o. Ele, rapidinho parou de dar pinta de resistência, então eu o soltei e fui logo pegar o que sobrou da minha Grapette. Meu pobre sanduíche, que me olhava desmontado, viu o rapaz se sentar chorando.

Ainda fiz um gesto como se fosse dar-lhe uma grapettada na cuca e saí fora. Dali direto para a secretaria, levado pelo Bedel, onde uma bronca de sacudir quarteirão me esperava. Sentado na antessala, ainda agarrado na garrafinha, olhei para outro aluno, que, com cara de bobo e assustado, me falou:

- Bicho! Você bateu no cara mais forte da escola, ele espanca todo mundo, ele toma as coisas dos outros, toma dinheiro e obriga a gente a fazer o dever dele!!! Já apanhei dele uma semana inteira! Como você fez isso?
Muito sério, respondi:
- É que eu não sabia, se soubesse tinha apanhado...

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