Palavras- chave: yoga, judô, educação, educação física escolar, criança, relaxamento
INTRODUÇÃO
Um estudo onde tem como objetivo a melhoria de qualidade de vida do indivíduo é sempre uma tentativa de estarmos buscando uma melhor educação para o futuro de nosso país. É por esse empenho, competência e capacitação que devemos buscar a abertura da criação de novas atividades e formas de estimular os alunos no seu desenvolvimento psicossocial e psicomotor.
A Educação Física e o Judô aliados a Yoga terão um papel fundamental nesse processo e poderão viabilizar oportunidades da criança para poder acreditar que seu processo educacional é de qualidade e com isso concretizar a idéia de que a Educação Física tem grande importância no contexto escolar brasileiro, com todas suas dificuldades e contradições, pensando que a presença da Educação Física na escola pressupõe a compreensão de que ela é construída na e, ao mesmo tempo, construtora da cultura escolar. Exigindo a presença da mesma, pois deve ser qualificada, sistematizada e realizada como parte indissociável da escolarização básica, considerando-se aí que a escola tem uma dinâmica cultural específica e é nela que a educação física é constituída como disciplina.
Além do meu envolvimento pessoal com a prática da Yoga e do Judô e a percepção das suas possibilidades formativas, destaco ainda dois outros aspectos que, acredito, conferem relevância ao estudo. Do ponto de vista acadêmico, busca sistematizar os estudos e propostas relativas à Yoga e ao Judô na Educação e, em última instância, na Educação Física escolar brasileira, tendo em vista que ainda não existem investigações dessa natureza. Pedagogicamente vislumbra a possibilidade de discutir a organização de novos conteúdos, para novas vivências, novos saberes e novas descobertas no âmbito da Educação Física escolar. E, estreitamente relacionado com a justificativa anterior, socialmente pode contribuir para que o educando possa se familiarizar com culturas milenares assimilando-as e provendo-se de experiências que possam torná-lo apto para criar, recriar e evoluir numa perspectiva de construir a vida com decisão e consciência e atuar no meio social de modo transformador em relação às necessidades econômicas, sociais e políticas.
METODOLOGIA
A metodologia adotada no presente estudo é de natureza descritiva com revisão bibliográfica, que segundo Silva & Menezes (2001), é a “análise da literatura publicada permitindo traçar estrutura conceitual que dará sustentação à pesquisa”. Para isso consultamos autores conceituados na área da educação física e yoga relacionados a temática das lutas e artes marciais, em especial do judô, a fim de obter argumentação sólida sobre o tema sistematizando as questões envolvidas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O JUDÔ NA EDUCAÇÃO FISICA ESCOLAR
A Educação Física vem se mostrando um item de extrema importância no currículo escolar do ensino fundamental, em evidência, o primeiro segmento, devido ao reconhecimento do comportamento motor no desenvolvimento da pessoa complementando o processo educativo. Com isso, através do conhecimento na área de Educação Física, em específico, a Psicomotricidade, é possível entender a importância e, até, necessidade, de socializar experiências, de possibilitar o levantamento de questões sobre como a Educação Física tem se concretizado no contexto escolar brasileiro, com todas as suas dificuldades e contradições.
A Psicomotricidade se integra nessa problemática com o objetivo de estimular o indivíduo, que não é um objeto a ser “trabalhado” com toda a sua história de vida: social, política e econômica. Considerando o ser em sua totalidade, englobando se em várias outras áreas educacionais, pedagógicas e da saúde.
Observando-se uma criança, tem-se a visão de um conjunto, um todo integrado articulado. O movimento é uma característica sua, bem visível e desejável, como afirma o dito popular: “criança, se está quieta, é porque está doente”. Movimentando-se, brincando, jogando, experienciando – com todo o seu ser – ela se desenvolve.
A maioria dos professores, conforme Otoshi (1995), concordam que a criança pode iniciar a prática do Judô aos cinco, seis anos de idade, de forma mais lúdica, pois o seu tempo de atenção e concentração ainda são bastante limitados.
O JUDÔ não é apenas uma luta desportiva, ou um sistema invencível de ataque e defesa. Antes de mais nada é um processo de educar a mente, o corpo e a moral, portanto é EDUCAÇÃO. Estão absolutamente errados aqueles que querem através do judô, se tornarem apenas valentes campeões, embora o judô seja um esporte de luta, seus objetivos vão muito além da competição, visa acima de tudo uma formação global do indivíduo portanto seu objetivo é nobre.
Através do judô, os educados podem adquirir condições suficientes e necessárias para enfrentar os rigores do dia a dia, com alegria, naturalidade, disciplina, esforço e coragem. Entre as virtudes sociais estão a vivacidade, a modéstia, a pontualidade e a justiça. Juntamente com o progresso técnico é desenvolvido o sentido de autoconfiança, o que constitui a base do equilíbrio mental e emocional. Sendo assim, a prática bem orientada do judô, proporciona calma, paz de espírito, dignidade, compaixão e amor ao próximo, condições essenciais para uma vida próspera e coberta de satisfação.
Ao contrário do que muitos pensam, o aprendizado do judô é muito fácil e agradável, não é necessário possuir condições físicas excepcionais; por outro lado é imprescindível ter boa vontade, dedicação, perseverança e disciplina. O aprendizado do judô, quando é realizado por professores dedicados e competentes, oferece meios para exercitar e recrear a mente e o físico, cultivando um equilíbrio harmonioso e global para a saúde da mente e do corpo, estimulando o ser humano a ser dono de seu próprio corpo, da sua mente e de suas emoções.
Segundo Kishimoto (1997, p. 68), “[...] A criança deve desenvolver habilidades para interagir positivamente com seu meio natural e social e incorporá-lo em sua vida diária, com os objetivos de: “Ter prazer em experimentar fenômenos e eventos da natureza, por meio de brincadeiras; brincar pela experimentação e criar com coisas que a cercam; desenvolvendo interesse por brinquedos e coisas feitas pelo homem [...]”.
Para as aulas de educação física especificamente, o Judô pode trazer algum conhecimento a respeito de características do senso comum. Ideias como: “Esporte é Saúde’’, “esporte como solução para retirar crianças e jovens das drogas’’, “esporte ajuda no desenvolvimento da inteligência”, circulam pelos meios de comunicações, ou até mesmo em projetos governamentais. Outro ponto a considerar é a referência predominante da prática na atual sociedade, fortemente centrada no esporte de alto rendimento e em valores como o individualismo e a competição. O professor deve ter em mente que é um educador, que deve formar pessoas de bem; no Judô, em casa, na escola, ou em qualquer lugar. Sua função é que a criança saia de sua aula com uma formação saudável, tornando-se assim um adulto saudável e integro. Virgílio (1986, p.69) ressalta, ‘’ temos que chamar a atenção para o fato que o professor é uma peça muito importante do jogo educativo e da integração da criança na sociedade’’. Destacando, assim que o professor é a peça principal na formação de seu aluno.
O Judô para crianças, segundo Otoshi (1995) aprimora, três memórias. A memória visual, que é a mais desenvolvida na criança, é aproveitada em um movimento, ou em uma técnica, motivo pelo qual são repetidos várias vezes. Outra memória é a muscular, enfatiza a postura corporal correta, o gradativo aperfeiçoamento do exercício ou da técnica. A memória auditiva, ao ouvir as explicações do/a Sensei e somada às outras duas memórias, fará com que a força motora da imagem se desenvolva adequadamente, permitindo à criança a execução cada vez melhor de cada movimento.
O Judô como Educação Física deve ser orientado pelos princípios anátomo-fisiológicos. Durante a infância, a Educação Física deve visar o desenvolvimento harmonioso do corpo da criança. Na fase adulta deve manter e melhorar o funcionamento de todos os órgãos, assegurando assim uma boa saúde. A prática da Educação Física deve ser orientada por exercícios e jogos, levando-se em conta as limitações de cada aluno, nunca sobrecarregando de forma exaustiva o organismo, o que poderá acarretar um prejuízo para o desenvolvimento do aluno. De um modo geral as aulas devem conter atividades que estimulem o desenvolvimento cárdio-respiratório, a flexibilidade, a postura, a destreza e a força muscular.
A PRÁTICA DA YOGA
Acredito que a partir do momento em que o ser humano se predispõe ao conhecimento de si, abre-se para possibilidades de emergirem todas as suas potencialidades internas, mesmo aquelas mais íntimas. A partir de então, há uma compreensão maior do seu lugar na terra, uma percepção maior do mundo que o cerca e dos seus vínculos com esse mundo. O que gera um comprometimento maior consigo mesmo e comprometimentos ainda maiores com a organização do universo em que vive. Daí o sentido da construção do conhecimento e da evolução ao longo da vida. Esta é a minha visão com base em estudos, nos resultados das minhas experiências pessoais, nos relatos dos resultados das experiências pessoais dos meus alunos e de tantas outras pessoas que de certa forma praticam Yoga. Bases fundamentalmente empíricas porém, tenho a convicção de que para o indivíduo praticar Yoga (autoconhecimento) e usufruir dos seus resultados há necessidade de deixar um pouco a racionalidade e o intelectualismo de lado e se deixar fluir através das suas vivências e das manifestações que delas resultam. Nesse contexto vale a pena citar Kunz (2001, p. 51) quando da sua abordagem sobre as “Práticas Didáticas para um ‘conhecimento de si’ de Crianças e Jovens na Educação Física”:
O conhecimento de si principia com a vida, se desenvolve com nossas vivências e experiências a vida toda e, então, a abrangência e o aprofundamento de um conhecimento de si permite uma consciência também alargada de mundo e de nós mesmos, até o ponto em que isso não se distingue mais, ou seja o tudo está contido no todo e o todo é tudo. (Grifo do autor)
Numa aula de yoga, as crianças e os adolescentes ampliam as percepções do corpo e da mente, desenvolvem a concentração, autoestima, equilíbrio e agilidade. Recebem ferramentas que auxiliam a superar e compreender os medos e os estados de ansiedade, de crescer com saúde física e mental, promovendo a tranquilidade, prevenindo problemas de posturas e respiratórios. O Yoga mesmo sendo milenar se demonstra tanto no passado quanto nos dias de hoje uma ferramenta poderosa na formação do caráter e da personalidade de quem o pratica.
Nossa sociedade anda saturada de excesso de estímulos. Muita informação, muito barulho, muita poluição visual e mais um pouco. Como resultado, estamos oferecendo as nossas crianças este excesso, e por vezes, esquecemos de criar momentos de descanso, quietude e acalanto. Não priorizamos em nossa tumultuada agenda, um tempo para contar estórias, cantar canções de ninar, e brincar com coisas que não precise ligar na tomada.
Na educação de hoje, nos defrontamos com diversas dificuldades: a ansiedade, o estresse, os horários extensos e carregados de atividades, o ruído, o cansaço, os nervos antes dos exames, etc., que se vê refletidos nas crianças e nos professores. A yoga nos dá ferramentas que nos ajudam a balancear as energias, focalizar a atenção, afrouxar as tensões físicas e mentais e gerar um melhor ambiente para trabalhar em sala de aula.
Os benefícios para a Educação Infantil relacionados aos aspectos psicomotores são:
- Trabalhar a concentração pelos órgãos de sentido de forma a permitir a criança adolescente compreender seu corpo parado, em transformação e em movimento;
- O desenvolvimento psicomotor através das posturas físicas da hatha Yoga, da Educação respiratória, posturas de concentração e técnicas de relaxamentos;
- Através dos exercícios respiratórios e posturas físicas o desenvolvimento da concentração;
- Permitir ao praticante perceber e sua relação com seu mundo interno de pensamentos e sensações e o mundo externo de ações e realizações;
- Criar uma pratica integrada e organizada e para permitir vivencias claras das múltiplas inteligências que compõem o ser humano, de forma a perceber com evidencia a inteligência existencial/espiritual.
- Desenvolvimento através dos asanas, da força física, da flexibilidade, da agilidade e da consciência corporal;
- Através dos educativos e exercícios respiratórios, musicas, vocalizações de sons, dar ferramentas ao praticante de forma a permitir o domínio da pronúncia e da linguagem e consequente facilidade de se expressar;
O ser humano, quando chega ao mundo, não está terminado. A educação tem por objetivo desenvolver suas potencialidades para levá-lo à compreensão de seu lugar na Terra e de seus vínculos com o Universo. A escola não tem por finalidade fazer de nós somente profissionais, mas também pessoas em evolução ao longo da vida.
Nossas crianças e jovens oscilam entre a atividade intensa e o ato de dormir imediatamente ou a luta contra o sono. O hábito de relaxar não é incentivado e com isto as fases que poderiam gerar um sono mais tranquilo são suprimidas. Os hábitos decorrentes disto têm reflexo direto no comportamento familiar e social. O imediatismo de respostas e reações, priva a mente de sua capacidade de acomodação e resiliência frente aos acontecimentos. Compreendendo esta realidade entendemos assim a importância de introduzir o ensino do relaxamento para as turmas de crianças e adolescentes, moradoras dos centros urbanos. Um verdadeiro desafio a atual estrutura educacional em entender que tudo tem um tempo de acontecimentos. E ao ensinar a criança o habito de relaxar contribui assim para atenuar a ansiedade do futuro adolescente. De acordo com Darwin evoluir é saber se adaptar.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Uma das características mais importantes do ser humano é a capacidade de mudança. As experiências que o indivíduo passa ao longo da vida influenciam no processo de desenvolvimento e são de fundamental relevância para o desenvolvimento do ser humano. Dentro de tal contexto a educação física assume um papel crucial ao oferecer experiências motoras adequadas para as crianças e aqui nesse estudo através dos educativos lúdicos do judô.
Acredito que Compete ao profissional de Educação Física pesquisar e analisar o universo da Yoga e, naturalmente, promover alterações, variações, modificações práticas e conceituais para transmiti-la na escola. Um conjunto de práticas de relaxamento e concentração, corretamente ensinados, na infância tornam-se um aliado para o futuro pré adolescente. Afinal nosso aparelho respiratório dita o ritmo do nosso metabolismo. Tanto para participar de uma atividade quanto para o repouso. E saber compreender este mecanismo e a chave para a estabilidade emocional necessária ao mundo adulto.
Unindo as práticas do Judô e da Yoga com suas ricas características orientais milenares e seus benefícios já comprovados, podemos oferecer às nossas crianças uma aula de Educação Física rica de conhecimentos, práticas, vivências e autoconhecimento e abranger aspectos conceituais, atitudinais e procedimentais, consequentemente trabalhando o indivíduo de forma holística.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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LE BOULCH, Jean. O Desenvolvimento Psicomotor: A
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OTOSHI, Christopher. Dicionário de artes marciais, Judô para
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SILVA, E. L.; MENEZES, E. M. Metodologia da pesquisa e elaboração de dissertação. 3. ed.
Florianópolis: Laboratório de Ensino a Distância da UFSC, 2001.
VIRGÍLIO. S. A
arte do judô. Campinas.
Papirus, 1986.
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